sexta-feira, 1 de março de 2013

Pouco planejamento aumenta mortalidade de empresa

Vontade de trabalhar, capital e sonho com próprio negócio não são suficientes para ter empreendimento bem sucedido

Juliana Kirihata, iG São Paulo
Quando resolveram investir em uma loja de móveis planejados, os futuros empreendedores da família Macedo não sabiam ao certo quais dificuldades iriam enfrentar. Inexperiente, a família tentou ampliar sua ação no mercado e abriu quatro outras unidades nos três primeiros anos. A ideia, porém, resultou em prejuízo, e as lojas SCA - três na capital paulista, uma em Santo André e outra em Belo Horizonte, em Minas Gerais - , tiveram de ser revendidas em 2005. “Faltou um plano de negócios”, afirma Eduardo Macedo, o sócio do empreendimento.


Assim como os Macedo, muitos têm o sonho de um empreendimento próprio destruído logo nos primeiros anos de funcionamento. Segundo dados do Sebrae-SP, 27% das empresas não passam do primeiro ano de vida. No quinto ano, a taxa de mortalidade chega a 62%. Só em São Paulo, a perda de recursos investidos chega a R$ 2 bilhões por ano. A falta de planejamento prévio, de acordo com especialistas, é uma das principais causas do fracasso das pequenas empresas. “Como a pequena empresa não faz pesquisa, os riscos são muito maiores”, afirma Ricardo Tortorella, diretor do Sebrae-SP.
Um plano de negócios deve ter informações detalhadas sobre o ramo de atuação da empresa, os produtos e os serviços que ela irá oferecer, os clientes, os concorrentes, os fornecedores e seus pontos fortes e fracos. Para Luis Vasco Elias, especialista em reestruturação de empresas da consultoria Deloitte, além de traçar o plano, é importante também inovar. “O mercado muda muito rápido", diz. "É preciso procurar se reinventar o tempo inteiro, rever o plano de negócios a cada ano”.
Funcionários devem ter qualificação
Outro fator que dificulta a sobrevivência das empresas é a contratação de funcionários não qualificados. “Às vezes, contratar conhecidos e familiares dificulta muito”, diz Eduardo Macedo, por experiência própria. O treinamento pode ser a chave para evitar problemas com profissionais com pouca capacitação. “É fundamental capacitar funcionários, o que não significa mandar o profissional fazer cursos nos Estados Unidos”, afirma Elias. "Uma palestra na empresa, por exemplo, pode ser bastante produtiva."
Além dos funcionários, os donos do negócio também devem se preparar para enfrentar os desafios. De acordo com Tortorella, a mortalidade das empresas pode cair de 27% para cerca de 9% no primeiro ano de vida quando os responsáveis fazem um curso como o Empretec, oferecido pelo Sebrae. “O conhecimento está disponível no mercado”, diz.
Opções de crédito
Segundo Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da empresa de pesquisa Serasa Experian, mesmo com um plano de negócios bem definido e um grupo de funcionários qualificados, o empresário precisa ainda vencer o obstáculo da obtenção de crédito. “É preciso ter um programa que dê capacidade para as empresas ficarem mais fortes”, diz.
Para ele, a maioria dos novos empreendedores erra ao misturar as finanças pessoais com os gastos da empresa. Cerca de 60% dos empreendedores usam recursos próprios para abrir o negócio. Segundo Tortorella, as condições para obtenção de crédito estão melhorando. “O sistema financeiro está passando a olhar o pequeno negócio como um grande negócio”, afirma. Para ele, no entanto, o excesso de burocracia e a falta de comunicação ainda são empecilhos. “Os governos fazem esforços para disponibilizar o crédito, mas as pessoas não sabem que ele existe”, diz.

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