terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Religião, Comportamento, Postura x Cultura PARTE I


Conceitos: Postura x Cultura



Pastor, Cerimonialista e Pesquisador em Teologia: Marcio Silva
Data publicação: 26/02/13


Segundo a constituição federal , observa-se o direito da liberdade religiosa no Brasil, mas vale ressaltar que o estado deve se preocupar em proporcionar a seus cidadãos um clima de perfeita compreensão religiosa,proscrevendo a intolerância e o fanatismo.devendo existir uma divisão acentuada entre estado e a igreja (religiões em geral), não podendo existir nenhuma religião oficial, devendo,porém , o estado prestar proteção ao livre exercício de todas as religiões.É importante que se perceba a ideia de liberdade religiosa,não podendo ser entendida de uma maneira estática, sem atentar-se para as mudanças de nossas religiões.
Mas o que queremos ressaltar é a importância do respeito à liberdade religiosa, em todos os âmbitos,pois o que vemos e ouvimos com frequência que esses direitos conquistados por força de lei têm sofrido algum tipo de preconceito ou ate desrespeito à  fé alheia. No tocante a religião, veremos comportamentos distintos a cada segmento religioso.O fato de não compactuarmos da mesma religião ou Fé, não nos dá o direito de criticar , perseguir, impor ou tratar pejorativamente aquele que não comungam da mesma fé.
Em nosso ambiente de trabalho nos relacionamos com pessoas das mais variadas religiões, classes sociais e culturas diferentes, fazendo-se necessário a convivência pacífica e ordeira, respeitando os limites e direitos do outro.Vivemos num país multicultural, que ao longo do tempo vem sofrendo transformações visíveis quanto ao destino do corpo após a morte. A cada geração vão se fragmentando os valores e crenças respeitadas pelos nossos antepassados, no que tange a MORTE.Daí nasce a necessidade imperiosa de compartilhar conhecimentos, trazendo clareza no entendimento e valorização da religião, comportamento, cultura e a postura diante do inevitável a morte, quebrando velhos paradigmas, não impondo nossos costumes e crenças , mas sobretudo valorizando o ser humano, quer seja em morte ou vida;respeitando a liberdade de religião que cada um de nós possuímos com base em nossa constituição.
No passado havia uma preocupação excessiva quanto aos ritos nos cerimoniais fúnebres, que ao longo do tempo, vem sofrendo algumas transformações importantes e significativas.A profissionalização do segmento funerário trouxe melhorias no atendimento às famílias enlutadas.Acabou aquela divisão que havia em relação á diferenciação de atendimento baseado na classe social predominante,onde os mais abastados, pertencentes à religião católica predominante na época, detinha o poder de autorizar sepultamentos no interir dos templos , pois acreditavam que o corpo e, consequentemente a alma do cristão só estariam protegidos se estivessem em solo sagrado.Os ricos dispunham das normas a seu bel-prazer e os pobres confiavam em seus instintos para sobreviver, essa forma de entender a morte deu margem para  a criação dentro do âmbito da igreja, de divisões especiais de acordo com a situação financeira de cada indivíduo.
A partir do século XIX, foi que esses ritos fúnebres considerados sagrados começaram a sofrer intersdições. Motivados pelas novas ideias sanitaristas surgida na Europa, médicos,engenheiros e outras autoridades laicas iniciaram uma verdadeira perseguição a tudo que pudesse causar algum dano à salubridade da cidade.Iniciando,assim ,a nova forma de ver a saúde pública.

Ritos fúnebres:
I-Testamentos: Os ritos fúnebres iniciavam-se antes mesmo da morte, onde através de testamentos, era  declarados a forma de como proceder em seus velórios, garantindo assim o cumprimento dos desejos mesmo, quando estivessem mortos.O testador escolhia o executor do testamento, que, geralmente era alguém próximo a família.
II- Sepultura: Desde a idade média as pessoas desenvolveram o costume de enterrar seus mortos dentro do âmbito da igreja ou nas suas imediações. Isso foi resultado da crença de que o morto ressuscitaria no ultimo dia (juízo final) se possuísse uma sepultura ad sanctus, ou seja, próxima à imagem de algum santo ou mártir.
III- Mortalhas: Os cristãos tinham o habito de sepultar os seus mortos com mortalhas semelhantes às roupas usadas pelos santos ao longo de suas vidas. Era comum a imagem de um corpo amortalhado com o hábito de Nossa Senhora do Carmo, de São Francisco, são Bento entre outros, pois os santos eram vistos como ótimos intercessores na corte divina e, assim com nos sepultamentos, aqueles que escatologicamente exerciam maior influência sobre as almas do purgatório eram mais procurados na hora da morte. Vestir o cadáver com a roupa certa podia significar, se não um gesto suficiente, pelo menos necessário à salvação.
IV- Missas: Mesmo após o termino do sepultamento, a preocupação com a alma ainda permanecia. Baseados na crença da salvação da alma por meio da realização de todos os estágios dos ritos fúnebres e temendo uma grande estadia no purgatório, tornou-se costume dos cristãos realizar missas em intenção a alma do defunto e,obviamente, quanto mais missas fossem celebradas, menores  seriam apenas sofridas antes de alcançar o céu.
V- Sinos: foi hábito a utilização dos sinos das igrejas para anunciar uma catástrofe que ameaçava assolar as cidades, podendo ser desde incêndio até uma invasão inimiga. Foi a partir desta ideia que a passagem da morte por determinada residência também começou a ser anunciada através dos do som dos badalos. As pessoas de posses se utilizavam desses recursos para demarcar posição privilegiada dentro da sociedade.Ás vezes o exagero era tamanho que os repique dos sinos ecoava noite a dentro por dias consecutivos.A igreja católica introduziu o uso do sino como sinal pelos defuntos,assim para que os fiéis encomendem as suas almas ao Senhor, que para que os incite a lembrar da morte, com a qual nos reprimimos , e abstemos de nossos pecados.
VI- Irmandades e Confrarias: A direção e organização das associações religiosas mais importantes, a das irmandades e confrarias estavam nas mãos de leigos. Fé e cultura caminhavam de mãos dadas numa inter-relação tão íntima que não poucas vezes era difícil distinguir o elemento cultural e religioso.Alguma s dessas irmandades e confrarias possuíam caráter assistencialista, visavam prestar auxilio, tanto espiritual quanto material, aos seus membros.Dentro do imaginário da morte, essas entidades, ganharam papel de destaque, já que cabia aos confrades e irmãos prestigiar cortejos fúnebres de todo associado e garantir, assim, uma morte concorrida.
VII- Outras pompas fúnebres: A morte diferentemente de hoje, era vista como uma passagem obrigatória pela vida (assim como o casamento, nascimento de filhos, batizados etc.),portanto o momento de passagem teria de ser celebrado e marcado com muitas pompas.A maior parte dos cortejos fúnebres era realizada á noite, para acrescentar mais brilho à celebração, adotou-se o uso de velas ou tochas acesas,não só pelos irmãos e confrades, mas para todos aqueles que se dispusesse a acompanhar o cortejo.A importância do defunto era medida por meio de quantidade de velas acesas durante o funeral, já que elas eram distribuídas pela família enlutada o custo ficava um pouco alto.Há de se lembrar que algumas culturas, fugiam a regra, ou seja, celebravam a cerimônia até o por do sol, retornando ao amanhecer, isso ocorria em algumas aldeias, sendo de diversas regiões ao redor do mundo. Nos dias atuais não é diferente, mesmo que não muito explicito, mas algumas pessoas são levadas a não  deixar fazer o sepultamento no dia seguinte.
VIII - Os Excluídos: Tornaram-se um problema tanto para o poder laico quanto ao poder religioso, pois desprovidos de bens, os pobres tinham de apelar para a caridade alheia e, muitas vezes,deixavam escrito em seus testamentos à vontade de serem sepultados de forma digna, dentro do templo sagrado, mesmo que isso implicasse conseguir numa sepultura num lugar menos privilegiado, como o adro ou o cemitério (intra - muros):Para a população branca e pobre o sepultamento nos adros(mesmo sendo considerado um espaço desvalorizado para tal)era até aceitável apesar de ser fora do templo religioso, pois estava de qualquer maneira sob solo considerado sagrado.Quando a família não conseguia auxílio da igreja para sepultar os seus mortos em solo sagrado , a solução era abandonar o corpo na porta da igreja ou sepultá-los clandestinamente no s cemitérios paroquiais (intra - muros), de madrugada.Hoje essa responsabilidade aos carentes é do Estado, sendo obrigatório o  fornecimento de  locais públicos(cemitérios), para  fins de sepultamento, preservando a dignidade humana e respeito à sua condição social.
IX - Cemitério dos Aflitos: Era onde os presos, enforcados e escravos cujos donos não se responsabilizavam pelo seu sepultamento, e todos aqueles que não eram assistidos pela piedade alheia e nem conseguiam obter um cova dentro do templo eram sepultados.
X - Os Protestantes: A igreja católica era intolerante quanto à concessão de sepulturas em seus templos a ovelhas pertencentes a outro rebanho, assim, durante um longo tempo os protestantes foram privados de lugares dignos para sepultar seus irmãos.Segundo Amanda Aparecida Pagoto, escritora do livro DO ÂMBITO SAGRADO DA IGREJA AO CEMITÉRIO PÚBLICO, relata um caso de rejeição de sepultamento em solo da igreja, por ser protestante, ao professor Julius Frank, docente da faculdade de direito do Largo São Francisco, morto em 1841, com apenas 32 anos de idade, teve seus restos mortais sepultados dentro da própria faculdade,construindo um obelisco sobre sua sepultura.

continua...

2 comentários:

  1. muito bom esse blog !! parabéns Ilmo e ao pastor márcio sucesso !

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obgado Simone, respeitamos muito seu profissionalismo, e sucesso nesse novo seguimento, aproveito para dizer que é salutar você promover um Blog..abçs

      Excluir

Vídeos interessantes

Vídeos interessantes
Um dos melhores vídeos de motivação